A polêmica da REDAÇAO continua no ENEM 2012

No início do ano, estudantes de
todas as regiões do país recorreram à Justiça para conseguir acesso à correção
antes do período de inscrição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), pelo qual
instituições públicas de educação superior oferecem vagas a candidatos
participantes do Enem. Casos como o de Thanisa Ferraz de
Borba chegaram a ameaçar o cronograma do Sisu que, por decisão da Justiça
Federal em Bagé, no Rio Grande do Sul, só poderia encerrar o prazo de inscrição
após o julgamento da ação.
No entanto, os tribunais
regionais federais das diferentes regiões suspenderam as liminares que
determinavam a vista antecipada dos espelhos de correção, entendendo que o
edital do Enem prevê apenas a vista pedagógica e que leva em conta
rigorosamente o previsto no termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado pelo
Ministério da Educação com o Ministério Público Federal.
Muitos estudantes sentiram-se
injustiçados. Thais Bastos obteve a nota 400 na redação do Enem. "No ano
passado, tirei 700. Neste ano, estudei muito mais, não posso ter ficado com
essa nota", disse. Além disso, ela comparou o que escreveu com redações
disponíveis em revistas e manuais, "As redações que receberiam a nota que
eu tirei continham erros de português e um vocaubulário infantil". Ela foi
uma das que levaram o caso à Justiça e chegou a ganhar o direito da vista
antecipada, até que o ministério recorreu e venceu.
Thais deseja cursar engenharia
química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituição cujo
ingresso é feito, para a maior parte das vagas, apenas pelo Sisu, com base na
nota do Enem. Como o exame é anual, no segundo semestre a estudante concorrerá
com a mesma nota que, segundo ela, é insuficiente. Mesmo que não esteja
previsto no edital do exame, ela pretende entrar novamente com recurso, caso
discorde da correção.
Ela não está sozinha. No
Facebook, mais de 3 mil ususários apoiam a página Ação Judicial - Enem. No
espaço, trocam experiências e pedem modelos mais transparentes de seleção.
Em nota, o MEC diz que os
"critérios de correção das redações do Enem foram aperfeiçoados e são mais
rigorosos". Segundo a pasta, os textos produzidos pelos candidatos
passaram por dois corretores de forma independente e foram avaliados segundo
cinco itens de objetividade. Caso haja diferença maior que 20% na nota final
entre esses dois corretores, a redação é lida por um terceiro corretor. E se,
ainda assim, a discrepância persistir, ou seja, a diferença entre as três notas
for superior a 200 pontos, a dissertação passa para uma banca examinadora
composta por três professores avaliadores, que dão então a nota final ao
participante.
Os cinco itens de competência
avaliados foram: domínio da língua portuguesa, compreensão do tema proposto,
capacidade de selecionar e organizar ideias, demonstração de conhecimento dos
mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação e
apresentação de solução para a proposta dissertativa. Cada um dos corretores
atribuiu nota até 200 pontos para cada uma dessas competências. Havendo
discrepância maior que 80 pontos em cada uma das competências, o terceiro
corretor avalia e atribui notas segundo o mesmo critério.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário