Supermercados, padarias e lanchonetes devem
retirar das prateleiras apenas os lotes dos sucos da marca Ades suspeitos de
contaminação por soda cáustica especificados pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), que já afetaram 14 consumidores. O alerta é do
diretor executivo da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo
(Procon-SP), Paulo Arthur Góes. Em meio à falta de informação, alguns
estabelecimentos em São Paulo optaram por recolher todos os produtos da marca.
Em uma loja do Carrefour da zona norte de São
Paulo, um comunicado no corredor de sucos dizia que a ausência do produto nas
prateleiras devia-se à Resolução nº 1.005, da Anvisa. A resolução, publicada no
Diário Oficial da União de segunda-feira (18), na verdade, suspende apenas os
produtos Ades com lotes iniciados com as letras “AG” - fabricados em 1 das 11
linhas de produção do suco na planta de Pouso Alegre (MG) da Unilever,
responsável pela marca.
De acordo com a assessoria de imprensa da
Unilever, houve uma confusão a partir do momento em que a Anvisa divulgou a
lista com as 32 variedades do Ades, cujos lotes iniciados por “AG” deveriam ser
suspensos. Góes criticou o fato de a Unilever não ter divulgado amplamente, a
princípio, qual era a substância que havia contaminado parte dos sucos. “Em uma
análise inicial, o comunicado da empresa poderia ter sido mais enfático no que
toca aos riscos. Ele diz apenas ‘solução de limpeza’. Poderia ter informado que
era soda cáustica”, disse.
Na segunda-feira (18), o atendimento telefônico
do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Unilever ficou congestionado
durante boa parte do dia, e o site da multinacional não trazia informações
sobre a contaminação. Até o fim da semana, deverá ser divulgado o laudo técnico
da inspeção da fábrica realizada por fiscais das vigilâncias sanitárias de
Minas Gerais (estadual) e de Pouso Alegre (municipal). Os fiscais, no entanto,
entendem que a decisão final deve ficar a cargo da Anvisa, já que o produto tem
distribuição nacional.
Contaminação
Por enquanto, a Unilever reconhece oficialmente
14 casos de pessoas que tiveram problemas após consumirem sucos do lote
comprovadamente contaminado. Segundo a empresa, elas já passaram por
atendimento médico e não precisaram de internação.
Na segunda-feira (18), porém, um casal denunciou
à polícia que o filho de 7 anos sofreu lesões na boca após tomar suco de uva
Ades em João Pessoa, Paraíba. O caso foi registrado na Delegacia Distrital de
Mangabeira.
O produto foi comprado em Cabedelo, região
metropolitana da capital. Segundo o delegado Nélio Carneiro, a criança foi
encaminhada para exame no Instituto de Polícia Científica de João Pessoa. Em
Ribeirão Preto, a Polícia Civil apura um caso de lesão corporal contra um
adolescente de 17 anos que diz ter queimado a boca ao consumir o suco Ades. O
caso foi registrado há 12 dias, mas somente agora foi divulgado. Os advogados
da família do garoto alegam que ele não chegou a engolir o produto. Mesmo
assim, teve vários ferimentos no interior da boca.
Após o contato com o suco, o estudante começou a
sentir a boca arder e a mucosa passou a sangrar. Isso ocorreu na noite de 7 de
março, antes do recall anunciado no dia 14 pela Unilever. O suco era o de maçã
de 1,5 litro,
mas não foi informado se fazia parte do mesmo lote do recall. Segundo a família,
o líquido era transparente, não tinha cheiro e chegou a corroer o fundo de uma
panela de alumínio durante um teste. Amostras do suco foram recolhidas pelo
Instituto de Criminalística. As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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